sábado, 25 de outubro de 2008

EMISSOES REGIONAIS E AS BOLSAS LINGUÍSTICAS

Nas jornadas de Linguística de 2001 ( actualmente designadas por Jornadas de Radiodifusao), evento académico-científico que é organizado pela Rádio Moçambique por ocasião do seu aniversario ( 2 de Outubro), apresentei o resultado de um estudo que fiz no ano 2000. O estudo em causa visava compreender os contornos de uma ideia e uma experiência relacionadas com a realização e transmissão simultâneas de um programa de rádio, em línguas moçambicanas, por equipas em províncias diferentes.
Muito recentemente ( 2000/1) a Rádio Moçambique concluiu a montagem(renovação) de emissores de 50 KW em onda média naquelas províncias com emissões provinciais próprias. Do ponto de vista teórico, não há como recusar a ideia de que as emissões da Rádio Moçambique, no seu conjunto, cobrem todo o território nacional. Porém, se o todo está coberto, não e forçoso que todas as partes estejam devidamente e igualmente cobertas. E isto remete-nos para a natureza do todo:
a) todo quantitativo: disponibilidade geográfica do sinal áudio e como ele é recebido;
b)todo qualitativo: é o conteúdo ( programação e línguas transmitidas).
Pressupostos
  • a realidade etno-linguística e a divisão administrativa de Moçambique não são conscidentes;
  • a distribuição das línguas moçambicanas por cada um dos Emissores(delegações) Provinciais nem sempre conscide com a realidade etno-linguística de cada uma dessas mesmas províncias;
  • a estrutura administrativa da Rádio Moçambique está concebida em função da divisão administrativa estatal

Problemas

Que tratamento devem os decisores da Rádio Moçambique conferir à situações:

a) em que apesar de um determinado emissor provincial transmitir em certa língua, comunidades residentes nessa província e falantes de tal língua não conseguem sintonizar o sinal desse mesmo emissor provincial?

b)em que uma ou mais línguas moçambicanas, sendo faladas nativamente numa certa província, não são contudo utilizadas no respectivo emissor provincial?

Metodologia

Como já indicamos, as nossas atenções gravitarão em redor de duas questões. Qualquer uma delas está relacionada com a dificuldade de uma determinada comunidade etno-linguística geograficamente localizada ter acesso a uma emissão de um canal provincial a Rádio Moçambique.

Começaremos por caracterizar genericamente, com a profundidade conveniente, cada caso. Em seguida procuraremos confirmar as ocorrências isolando uma manifestação concreta de cada caso, dentro de um espaço geo-linguístico determinado. Aqui faremos uso de diferentes métodos, de entre os quais, entrevistas, observação directa, etc. O trabalho de campo para confirmar os dados foi realizado no troço compreendido entre a cidade de Nampula (província do mesmo nome- Norte de Moçambique) e a de Pemba (capital da província de Cabo Delgado, no extremo norte de Moçambique), nos distritos de Namialo, Namapa e Chiúre.

Importa referir que em algum momento procuraremos localizar/identificar as línguas que são faladas nativamente em cada província. Depois, de um tal universo, extrairemos aquelas que sao utilizadas nos respectivos emissores provinciais. As restantes línguas é que serão objecto de tratamento. Esta é uma premissa fundamental no esquadrinhamento do âmbito deste trabalho.

Hipóteses

Para os casos de comunidades sem acesso ao sinal do seu emissor provincial, mas com possibilidades de sintonizar outros emissores provinciais vizinhos que transmitam em línguas ali inteligíveis, o ideal seria estabelecer programas interprovinciais, transmitidos em simultâneo nos emissores envolvidos, de forma que tal comunidade possa ter acesso a alguns conteúdos transmitidos a partir do seu emissor provincial e na sua variante habitual, mas sintonizando com boa qualidade um outro emissor provincial próximo. Similarmente, uma língua não utilizada num determinado Emissor Provincial, pode integrar um programa interprovincial com transmissão num emissor provincial próximo e sintonizável na região da referida comunidade. (continua)

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