domingo, 12 de outubro de 2008

LÍNGUAS NACIONAIS E A COMUNICAÇÃO

No ano 2000 fui convidado a apresentar umas ideias num seminário de reflexão sobre a rádio e televisão. Sob a perspectiva da "experiência da utilização das línguas nacionais na Rádio Moçambique" elaborei e apresentei um texto com o título línguas nacionais e a comunicação. Aproveito a ocasião para agradecer, pela confiança, aos amigos Manuel Veterano e Julieta Langa, de cujas mãos recebi o convite.


Ora, como o próprio título já informa, devíamos falar das Línguas Nacionais e da Comunicação. Devíamos mas não o faremos. Não o faremos porque,embora desconfiemos saber o que é comunicação, falar dela, em toda a sua amplitude e complexidade, com a paixão necessária, exige outro tipo de capacidade e conhecimentos que, sinceramente, não possuímos. Por isso, e se os presentes a mesa não se importarem, teremos por objecto a prática e experiência da utilização das línguas moçambicanas na Rádio Moçambique.


Ao falarmos deste tema, imediatamente, algumas perguntas se impõem: Que importância têm as línguas nacionais no funcionamento de uma empresa do sector público da comunicação como é a Rádio Moçambique? Que interesse tem falar deste assunto já por demais aflorado e sobre o qual parece que todos sabemos alguma coisa e está tudo dito? E, por último, que direito nos assiste de vos ocupar com uma reflexão que, como verão, poucas novidades apresenta?


A resposta à primeira questão encontra-mo-la na Constituição da República e nos Estatutos da Rádio Moçambique. Se a Constituição da República, no seu artigo quinto, peca por ser demasiada oca na sua formulação, os Estatutos da Rádio

Moçambique, apesar de serem mais explícitos não avançam muita coisa aí além. O artigo quarto, por exemplo, indica que um dos fins genéricos da radiodifusão da Rádio Moçambique é e cito " promover e divulgar a língua portuguesa e as línguas moçambicanas", fim da citação. É no artigo sétimo, na sua alínea b, que se avança um pouco mais. Diz-se aí que a Rádio Moçambique emitirá " pelo menos uma emissão de âmbito provincial em português e nas línguas moçambicanas mais faladas em cada uma das províncias". Se analisarmos com profundidade as duas citações, pelas suas implicações, veremos que elas desencadeiam quase a mesma significação; respeitam a mesma estratégia de alguma indefinição, de ausência de compromissos; de muita superficialidade no trato. Há, portanto, necessidade de uma formulação menos vaga e mais clara nos objectivos, estratégias e nos procedimentos. Os senhores aqui presentes sabem certamente do estamos aqui a falar. E foi procurando mitigar esta lacuna que nas últimas duas décadas a Rádio Moçambique desdobrou-se em inúmeros seminários e reflexões sobre as línguas Moçambicanas ( continua).



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