quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

EMISSÕES REGIONAIS E BOLSAS LINGUÍSTICAS(4)

No último artigo analisamos a qualidade do sinal do Emissor Provincial da Rádio Moçambique- Nampula entre esta cidade e Pemba( capital da Província de Cabo Delgado). Na mesma ocasião, fizemos o contraste com o sinal de outros emissores provinciais que são nos mesmos locais sintonizados. Isto, como sabemos, na esteira de percebermos como deve a Rádio Moçambique lidar com o facto de uma determinada comunidade não conseguir sintonizar o " seu emissor provincial" ou a língua de tal comunidade não estar a ser usada no emissor provincial respectivo. Antes de lançar algumas hipóteses que conduzam a nossa discussão, vamos fazer uma breve visita à distribuição das línguas Moçambicanas pelos Emissores Provinciais, apalpando igualmente os contextos de estabelecimento de tal prática ou "política".
Como consequência de um interessante debate interno realizado por quadros da Rádio Moçambique, uma consultoria técnica, contratada pela Rádio Moçambique ( realizada pelos linguistas Bento Sitói, Julieta langa e Aurélio Zacarias Simango), em 1995, apresentou várias recomendações das quais vamos destacar as que se relacionam com a distribuição das línguas, o que assim se pode apresentar, menos o português:
atenção, siga a seguinte "Legenda"
Línguas usadas antes de 1997( em vermelho)
línguas usadas depois de 1997( em azul)

Niassa: CiYao; CNyanja;Emakhuwa C.Delgado: Shimakonde;Kiswahil;Emakhuwa;Kimwani ; Zambézia: Echuabo;Elomwe ; Nampula: Emakhuwa Tete: CiNyanja;CiNyungwe ; Sofala: CiSena; CiNdau; Manica: CiUtee; CiManyika;Cibarwe; Inhambane: XiTswa; CiCopi;GiTonga; Gaza:XiChangana; CiCopi; Maputo( desdobrou o XiTsonga em XiRonga e XiChangana)

Neste momento, em 2008, este quadro mantem-se válido. Nota importante é o facto de o emissor de Gaza ter iniciado emissões próprias apenas em 2002 (usando as línguas recomendadas pela consultoria já citada). Noutros termos, a Rádio Moçambique seguiu à risca as recomendações estabelecidas à excepção do seguinte: não introduziu a língua Sena ( Zambézia e Manica) e o Emakhuwa na Zambézia. Pois, ainda que de forma não firme, a língua sena já é utilizada no Emissor Provincial de Tete. E, fora de todas as conjecturas, o Emissor Provincial de Inhambane transmite um serviço mínimo em Ndau ( tal e qual o sena em Tete). A pergunta que fica no ar é: a Rádio Moçambique vai ou não introduzir as línguas recomendadas ( incluindo a utilização mais esclarecida do sena em Tete)? Caso não o faça, que razões estarão a condicionar tal (falta de) decisão ? ( continua)

1 comentário:

Anónimo disse...

Antes de mais é de agradecer a iniciativa da divulgação das nossas línguas e dizer que também estou empenhado neste sentido, daí que colaboremos em prol do desenvolvimento das mesmas. Pois, a quem pense que as mesmas tendem a ser marginalizadas, mas firmemente digo que não. O III Seminário sobre Padronização das Línguas Moçambicanas é um dentre vários eventos organizados pela Universidade Eduardo Mondlane em particular, sem falar dos demais organizados pelo Governo (MEC e INDE) e pessoas particulares como por exemplo www.linguasmocambicanas.blogspot.com