sexta-feira, 7 de novembro de 2008

RASTAFARI (3)



Evolução
O Rastafarianismo nasceu nos anos 30, na Jamaica, na esteira de reivindicações negritudistas nos Estados unidos e mais tarde na Jamaica. No início, foram principalmente pessoas da classe social muito pobre que adoptaram o rastafarianismo. Entre os mais destacados pioneiros avultam os nomes de Marcus Garvey e Leonard Howell. Aliás, alguma literatura refere mesmo que terá sido Marcus Garvey quem terá pré-anunciado a coração de Haillé Selassié, com as seguintes palavras: “: "Olhem para Leste, para Àfrica, onde um negro será coroado Rei." E assim foi, a 2 de Novembro de 1930, Ras Tafari Makonnen, foi coroado Rei, alegando descendência do Rei Salomão de Jerusálem e da Rainha Makeda de heba. Adoptou o nome de Haile Selassie I ("o poder da divina trindade") e foi designado 225º Imperador da dinastia Salomonica, Eleito de Deus, Rei dos Reis, Senhores dos Senhores, Leão Conquistador da Tribo de Juda. É assim que para muitos seguidores do movimento Rasta, Margus Garvey é tido como profeta.
O Movimento Rasta foi fortificando-se significativamente ganhando ao mesmo tempo alguma estabilidade. Com a visita de Haille Selassie a Jamaica em 1966 o movimento ganhou um impulso notável. Porém, nos meados dos anos 70, registou-se uma acentuada regressão, muito por culpa da morte de Selassie em 1975. Pensava-se, então, que seria o fim dos Rasta. No entanto, poucos meses depois, estourava nas paradas jamaicanas a canção de Bob Marley que “jah live” ( Desus está vivo) contragolpeando com estes versos:"Os imbecis dizem no seu coração / Rasta, o teu Deus está morto / Mas nós sabemos / Os dreads serão dreads hoje e sempre / Jah está vivo". A profecia de Bob Marley estava certa. Rapidamente, a música e o artista ganharam forte projecção e com eles ganhou o movimento. Foi a sua popularização, a sua consagração junto, principalmente, às massas humildes. Cedo passou-se a considerar o reggae a música dos oprimidos.
A rasta
Uma das principais características dos RastaFarianos são os cabelos trançados em anéis, os entrelaçados e a barba farta. Tal prática, como muitos pensam, não é originariamente jamaicana. Ela foi aproveitada de fotografias de alguns povos da África Oriental que usavam cabelo entrelaçado. Este hábito generalizou-se entre as comunidades Rasta na Jamaica por volta dos anos 30, passando em pouco tempo a ser uma das marcas mais identificativas dos membros do movimento. O cabelo, quando entrelaçado, recebe na gíria rasta várias designações: Janks, Nats, Lock, Dread, Bongo, entre outras.
No finzinho desta parte, vale a pena recordar algumas regras rasta. Estas regras tem raiz no pensamento de Marcus Garvey, Leonard Howell e Haillé Selassiè.
I. Segundo consta, Garvey, durante uma missa, terá dito
Temos fortes objecções em relação a alterações agudas da figura do ser humano, corte e escovamento [do cabelo], tatuagem da pele, cortes da carne.

2.Somos basicamente vegetarianos, dando uso escasso a certas peles animais, ainda assim proibindo o uso de carnes suínas de qualquer forma, peixes de concha, peixes sem escamas, caracóis, etc.

3.Adoramos e aceitamos mais nenhum Deus além de Rastafari, proibindo todas as outras formas de adoração pagã, apesar de as respeitarmos.

4.Amamos e respeitamos a irmandade da humanidade.

5.Desaprovamos e abolimos completamente o ódio, ciúmes, inveja, engano, fraude e traição, etc...

6.Não aprovamos os prazeres da sociedade moderna e os seus males correntes.

7.Temos a obrigação de criar uma nova ordem mundial de uma irmandade.

8.O nosso dever é expandir a mão da caridade a qualquer irmão/irmã que esteja em dificuldade, primeiramente aos que sejam Rastafarianos e só depois a qualquer humano, animal, planta, etc...

9.Somos aderentes das antigas leis da Etiópia.

Rádio muthiyana ( cidade de Maputo) sem voz


A Rádio Muthiyana foi assaltada esta madrugada. Os assaltantes roubaram (equipamento de) dois estúdios. Assim, hoje a rádio não está no ar. E não estará até que haja estúdios. A Polícia foi comunicada. Na foto de Baixo, locutores e jornalistas da rádio muthiyana. Vê-se também uma agente da polícia. Na foto deste texto, deixo ver uma panorâmica do exterior da rádio. no centro está Olímpia Matimula, chefe da Redacção. A rádio Muthyiana localiza-se no Bairro ferroviário e iniciou as suas transmissões em 2001. Pertence a associação das mulheres jornalistas.

Rádio muthiyana calada ( cidade de Maputo)


domingo, 2 de novembro de 2008

EMISSÕES REGIONAIS E BOLSAS LINGUÍSTICAS (2)

QUE TRATAMENTO DEVE A RÁDIO MOÇAMBIQUE (RM-EP) CONFERIR À SITUAÇÃO EM QUE UMA DETERMINADA COMUNIDADE/REGIÃO DE UMA PROVÍNCIA NÃO CONSEGUE SINTONIZAR O "SEU" EMISSOR PROVINCIAL?

Para melhor respondermos à esta questão deveremos primeiro caracterizar o sistema de radiodifusão envolvendo as emissoras provinciais. em momento próprio faremos o estudo de um caso específico.
1. As emissões provinciais em Onda Média
A partir de 1996 a RM-EP iniciou a substituição de emissores velhos de Onda Média. Neste processo foram abrangidos os emissores de Onda Média em todas as províncias onde já existiam emissões locais.Zambézia foi a primeira província, em 1996, tendo culminado com Niassa, a 7 de Julho de 2001.
O Processo abrangeu a montagem de novos emissores de 50 KW nos emissores provinciais que já possuíam emissões próprias.Ficou de parte a província de Gaza que até então beneficiava-se das emissões transmitidas através do Emissor Interprovincial de Maputo e Gaza( EIMG). Gaza passaria na esteira deste processo a dispor de uma emissão própria também com um emissor de 50 KW. O que significa que neste momento cada uma das 10 províncias de Moçambique dispõe de uma emissão local transmitida através de um emissor de 50 KW.
2.constrangimentos à cobertura
a)natureza do sinal
Documentação diversa indica-nos que o total acumulado da potência dos emissores em Onda Média bem como a da rede em FM para retransmissão do sinal da Antena Nacional ( serviço nacional 24 horas em língua portuguesa), alguns canais especializados ( Rádio Cidade, Canal de desporto, serviço em língua inglesa e algumas emissões provinciais) é suficiente para cobrir a totalidade do território nacional e parte dos países vizinhos, no período nocturno, e muito próximo disso durante o dia solar. Esta variação está relacionada com a natureza da expansão do sinal do sinal em Onda Média que é afectada pela irradiação solar. Por conseguinte, na ausência deste factor, a transmissão do sinal é muito mais efectiva.
b) Limites geográficos
uma olhadela ao mapa do nosso País recorda-nos as irregularidades do seu espaço, lembrando um fulano com a cabeça pequenita e a parte da cintura para baixo grande. Isto se virarmos o mapa para baixo. Para vermos como esta questão interfere na cobertura, fiquemos com o seguinte exemplo: se tivermos dois emissores de igual potência colocados nos dois extremos do país ( num ponto onde o país é estreito e outro onde é mais largo), veremos claramente que a maior parte do sinal do emissor colocado na parte estreita do país "perde-se" para os países vizinhos, enquanto o sinal do outro emissor colocado na parte avantajada do país há-de ser manifestamente insuficiente para cobrir a região em seu redor dentro do território desejado.
c) Localização do emissor versus mapa etno-linguístico
Esta é a situação mais preocupante. Como se sabe (1) as fronteiras políticas no nosso continente não atendem as características etno-culturais-linguísticos dos nossos povos. (2) por outras razões, incluindo as de herança, a divisão administrativa do país tem a mesma característica. Quer dizer, uma determinada comunidade etno-linguística não está confinada numa só província. Ela existe em diversas províncias, representando, em qualquer uma delas um valor e uma expressão própria. Assim, há emissores que estão localizados num dos extremos da Província, não sendo devidamente escutados num outro extremo e perdendo-se o seu sinal para outras províncias, que se calhar não falam as línguas transmitidas ou já são suficientemente cobertas pelo seu próprio emissor provincial. Por exemplo: O emissor de Inhambane, instalado no sul da Província é mal sintonizado no norte do seu território que, entretanto, tem mais facilidade de captar o emissor de Sofala ou Manica.
Também verificam-se situações em que determinada língua não é utilizada num determinado emissor provincial quando na província há uma comunidade etno-linguística da língua em questão. Ou vice-versa. os emissores provinciais de Tete e Zambézia não transmitem a língua sena, embora se registem comunidades expressivas desta língua nos seus territórios.
d) disposição topográfica e estado do tempo
É sobejamente sabido que a disposição topográfica e o estado do tempo influem na propagação do sinal de rádio. As montanhas, a nebulosidade, as descargas electromagnéticas, por exemplo.
Resumindo
A instalação de novos emissores de 50 KW nos emissores provinciais da RM-EP significou a disponibilização do sinal, porém, a cobertura/satisfação não é proporcional pois é condicionada por múltiplos factores, tais como os que acabamos de visitar, resultando em, portanto, comunidades com:
  • sinal, mas sem a língua apropriada;
  • sinal e línguas desejados e apropriados;
  • sinal não desejado/apropriado
  • etc

( continua)

RASTAFARI (2)


O surgimento dos RASTA está ligado aos movimentos africanistas que se deram na América nos princípios do século passado. No período colonial, os descendentes dos escravos africanos nas américas propunham-se organizar um regresso de todos os negros à África. Todavia, o poder colonial dificultou este movimento. Gradualmente, alguns grupos de activistas assumiram que aquele é que era a grande causa da sua luta, pois, fora de África, nenhum negro estaria realmente livre. Na impossibilidade de um regresso físico imediato, camadas pobres de negros, da zona oeste da capital jamaicana começaram a promover a ideia de regresso espiritual. Isto por volta dos anos 30. Faziam-se então tentativas de recriação da vida cultural e religiosa herdadas de África. Na religião, por exemplo, espalhou-se o pensamento segundo o qual os negros eram os verdadeiros e originais israelitas, sendo a África a terra prometida. Mas, uma vez que até aquela altura apenas a Etiópia estava independente em África, os grupos africanistas, na Jamaica, viam na Etiópia e no seu Chefe de Estado as imagens da Palestina e de Moisés . Hailé Selassié ( na imagem), o imperador etiópe, ou RAS TAFARI, era tido como "um enviado de Deus" com a missão de conduzir todos os negros e volta à sua Terra prometida : a África. Aliás, alguns autores consideram mesmo, hoje, que o surgimento do movimento RASTAFARI pode ser oficialmente marcado em função da coroação de Hailé Selassie, ocorrida em 1930.
O primeiro rasta
O primeiro Rasta de que os registos escritos nos falam é LEONARD HOWELL. Leonard HOwel, um pregador da corte Jamaicana, preparou em 1933 alguns princípios pelos quais se devia guiar o movimento RASTAFARI. O pensamento de Howelln assentava na ideia segundo a qual se devia preparar com urgência o regresso dos negros à Africa e o reconhecimento de Hailé Selassié como chefe supremo do povo africano. Em 1948, Sam Brown, um activista RASTA, modificou e ampliou os mandamento propostos por Leonard Howell. Entre outros, Brown afirmava que:

  • os rasta são basicamente vegetarianos;
  • dentro do movimento, os membros deviam adorar não a Deus, mas a Ras Tafari, o rei Hailé Selassié.

Mais tarde, outros Rasta acrescentaram outros mandamentos, de entre os quais se destacam:

  • a abstenção do alcoól;
  • a utilização de temperos e outras especarias em vez do sal;
  • proibição do aborto e da utilização de anticonceptivo;
  • abstenção sexual durante a menstruação.
( CONTINUA)