sexta-feira, 28 de novembro de 2008

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DE UMA RÁDIO PÚBLICA

Pretendo iniciar uma digressão arrojada e longa pelo universo da teorização sobre o SPR ( serviço Público de Radiodifusão) . Para começar, um aperitivo, brindo-vos com umas largas e apressadas pinceladas sobre o assunto. Trata-se de um texto no qual construo os fundamentos para uma hipotética rádio pública. A simulação tem como cenário Moçambique. Os dados utilizadas são, contudo, reais.
Mais especificamente, vamos tratar da rádio pública, procurando apresentar uma proposta de modelo de organização e estruturação. Importa, num primeiro momento, estabilizar dois conceitos que, a nosso ver, tem sido tratados de forma "flexível": serviço público de radiodifusão (SPR) e Rádio Pública. Aqui , e muito rapidamente, importa estabelecer que SPR é uma construção hiperonímica que pode desencadear e cobre uma determinada realidade, por exemplo, e no nosso caso, Rádio Pública. Assim, utilizaremos Rádio Pública no sentido de canal.
A partir daqui fica claro que quando se fala, por exemplo, de sustentabilidade financeira de uma Rádio Pública ou Canal de Rádio de Serviço Público detido por um SPR, não se está a imputar o ónus disso ao canal , uma vez que o canal em causa apenas concretiza um serviço muito específico de radiodifusão: uma emissão de " serviço público". Noutros termos, o serviço público que é constituído através de uma empresa ( pública) é que deve providenciar a sua sustentabilidade financeira. Olhando para a nossa realidade, significa que o canal de serviço público por excelência em Moçambique ( Antena Nacional e Emissores Provinciais da Rádio Moçambique- Empresa Pública) não tem como missão primária e exclusiva auto-financiar-se. A Empresa "Rádio Moçambique-EP" é que tem tal função. Finda esta pequena digressão por algo aparentemente marginal voltemos à construção da nossa hipotética rádio pública, analisando as questões relativas à audiência. A quem se destina a Rádio? Quem a ouve?
I. o auditório
Vamos considerar três aspectos: a) peso do auditório na programação; b) identificação do auditório; c) línguas de comunicação. Destes três aspectos, o comandante é a identificação do auditório. Este aspecto corresponde à uma formulação teórica, geral, enquadrada nos estudos sobre a audiência e na sua relação com os conteúdos. Por outro lado, a identificação do auditório está relacionada com os decisores num determinado meio sócio-geográfico e histórico. Ou seja, antes de analisar o peso do auditório ( alínea a) numa programação, exige o rigor metodológico que discutamos previamente, pelo menos, quem é esse auditório.(continua)
Nota:
A bibliografia será apresentada no fim.

PONTE SAMORA MACHEL
















A ponte Samora Machel tem tudo para ser famosa. Pelos melhores motivos. Deve o seu nome a uma personalidade muito querida a muita boa gente; atravessa um dos maiores e dos mais famosos rios de África. Une as duas partes da cidade de Tete, a mais quente das cidades moçambicanas. Ultimamente, porém, a ponte tem sido notícia pelos piores motivos: há registos frequentes de suportes da ponte que rebentam. E enquanto não se tomam medidas mais sérias, paliativos vão sendo aplicados. De entre os quais, a colocação de suportes alternativos. Veja-se a sequência de fotos que se seguem.Frescas da semana passada.

0,5 DIAS DO MÊS SÃO 15 DIAS?


Perguntei a duas pessoas como interpretavam o vírgula 5 do 5 Meses da placa de informação na foto. A resposta veio rápida e segura: o ,5 significa metade do mês. Ou seja, deve-se ler assim: Prazo de execução: 5 meses e meio ( significando o meio 15 dias e não meio dia). ambas pessoas riram-se meio intrigadas com o facto.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

RÁDIO MUTHIYANA DE NOVO NO AR (93.5 FM)


Como reportei há três semanas, a Rádio Muthiyana ( bairro Ferroviário, cidade de Maputo) foi assaltada. Por haver ficado sem equipamento de estúdios, a rádio deixou de estar no ar. Por pouco tempo, porém, uma vez que foi possível obter um equipamento alternativo. Bastante modesto. Mas o suficiente para voltar a ter as emissões no ar.

Visitei o os estúdios da Rádio assaltada e vi o equipamento alternativo. Trata-se de equipamento básico ( leitor, misturador) montado numa mala. Pelo que apurei, trata-se de equipamento da rádio Feba.

Por razões de segurança, e para evitar novo roubo, o dito equipamento é levado à Rádio Muthiyana logo pela manhã. A emissão abre às seis horas da manhã e fecha ao princípio da noite. Nessa altura é novamente desmontado e guardado em sítio seguro(x).

tronco de baobá-IMBONDEIRO (Malambe) em Matema TETE




domingo, 23 de novembro de 2008

EMISSÕES REGIONAIS E BOLSAS LINGUÍSTICAS(3)


QUE TRATAMENTO DEVE A RÁDIO MOÇAMBIQUE (RM-EP) CONFERIR À SITUAÇÃO EM QUE UMA DETERMINADA COMUNIDADE/REGIÃO DE UMA PROVÍNCIA NÃO CONSEGUE SINTONIZAR O "SEU" EMISSOR PROVINCIAL?

ANÁLISE DE CASO
# Qualidade do sinal do emissor provincial de Nampula em Namapa#

Dados geográficos. Namapa é um distrito da província de Nampula e localiza-se no percurso entre Nampula e Pemba. Dista cerca de 220 km de Nampula, quase a meio caminho entre Nampula e Pemba.
Para aferirmos a qualidade da recepção do sinal dos Emissores Provinciais de Nampula ( e Cabo Delgado, contrastivamente), empreedemos uma viagem terrestre entre as cidades de Nampula e Pemba ( capital da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique), tendo pernoitado em Erati ( sede de Namapa) e Chiúre.Influenciaram a nossa decisão o facto de termos acesso a um volume regular de informações sobre a qualidade de recepção das emissões da Rádio Moçambique naquele local bem como facilidade logísticas de deslocação e acomodação. Também tivemos em conta o continuum linguístico da zona ( o sul de cabo Delgado e a totalidade de Nampula são comunidades nativamente falantes do que genericamente designaríamos Emakhuwa).
Em Namapa, ouvintes contactados ( entrevistas individuais e grupos) afirmaram reconhecer e escutar as emissões do Emissor Provincial de Nampula em Onda Média. informaram que as condições de recepção são relativamente melhores nos períodos nocturnos e princípios da manhã e da noite. Durante o dia solar afirmaram ser " quase impossível" sintonizar a emissão. Na tentativa de o fazer, amarravam um cabo eléctrico ou arame à antena do receptor de rádio ou deslocavam o aparelho de rádio continuamente procurando um ponto onde melhor se escutasse. solicitados a avaliar a qualidade de recepção do sinal entre excelente/boa/razoável/má, indicaram esta última.
#Qualidade de recepção do sinal do Emissor Provincial de Nampula ao longo da via Nampula-Pemba#

Namialo ( 80 km de nampula): razoável
Namapa ( 220 km de Nampula): má
Chiúre ( 340 km de Nampula): razoável
Pemba( 438 Km de Nampula): razoável
Por seu turno, o sinal do Emissor Provincial de Cabo Delgado apresentava boa qualidade de recepção nos mesmos pontos. Com a mesma qualidade escutavam-se os emissores de Manica, Tete e Sofala.Aliás, ao longo desse "corredor" estes três emissores eram escutados com relativa nitidez em Namialo ( 80 km de Nampula) e Chiúre (cerca de 240 km de Nampula).
Contactados os técnicos da Rádio Moçambique, muitas foram as razões apontadas para explicar o cenário. Avultam o estado técnico do emissor em estudo ou a sua localização .
Diante deste quadro, o investigador enfrenta a seguinte questão: como fazer chegar o sinal do Emissor provincial de Nampula a Namapa caso não haja como induzir esse resultado do ponto de vista da qualidade ou potência do emissor de 50 kw em onda média?

Nota

Nas jornadas de Linguística de 2001 ( actualmente designadas por Jornadas de Radiodifusao), evento académico-científico que é organizado pela Rádio Moçambique por ocasião do seu aniversario ( 2 de Outubro), apresentei o resultado de um estudo que fiz no ano 2000. O estudo em causa visava compreender os contornos de uma ideia e uma experiência relacionadas com a realização e transmissão simultâneas de um programa de rádio, em línguas moçambicanas, por equipas em províncias diferentes.


CONTINUA